quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O quanto vale estruturar um plano alternativo


Em um contexto de incertezas, seja no mercado de trabalho ou no cenário econômico mundial, um Plano B deveria ser obrigatório, na opinião do diretor da Human Learning, Jorge Matos. Na prática, acrescenta, todo profissional deveria pensar como o sugerido pela técnica de construção de cenários. Deveria estar sempre preparado pelo menos para três cenas: a primeira, consistiria em estar preparado para oportunidades de carreira na própria atividade.
- Freqüentemente "o cavalo passa selado" na nossa frente e não estamos preparados para montar. Falta-nos qualificação, cursos, experiência, etc.
A segunda cena seria permanecer exatamente como hoje, muito pouco provável, exceto se você trabalha no setor público ou em empresas que estejam em ambientes com muito pouca mudança. Ele ressalta que, neste caso, não há muito que fazer.
A terceira cena consiste em perder o emprego, a empresa ser vendida, etc. Este cenário é seguramente o mais freqüente, o que exige que tenha, sim, que pensar profundamente nesta hipótese.
- Não só ter uma segunda alternativa profissional, mas, principalmente, ter feito uma poupança que possibilitasse ao profissional sobreviver alguns meses e, se possível anos, sem ter que meter os pés pelas mãos. Dessa forma, crie os seus cenários e construa os mecanismos de sobrevivência para cada um deles.
Se apropriando da carreira
A idéia é endossada por Jacqueline Resch. Ela lembra que já foi o tempo em que os profissionais deixavam a carreira nas mãos da empresa. Hoje, cada profissional deve se apropriar de sua carreira e trabalhar constantemente sua empregabilidade.
- Um plano B é importante, assim como manter-se atualizado e com a rede de contatos ativa. Digo isso, porque, muitas vezes, a vocação do profissional é atuar como executivo e, portanto, um plano B - no sentido de redirecionar a carreira para uma atividade ou condição distinta (por exemplo, atuar como consultor) - não seria uma opção gratificante. Portanto, se ele estiver com sua empregabilidade em alta, vai se recolocar mais rapidamente ou ainda pode atuar em projetos temporários, até que uma posição executiva, compatível com seu perfil, esteja disponível.
Na sua opinião, não ter um plano B é que é um grande risco. Um plano alternativo, diz a consultora, confere mais autonomia ao profissional, que jamais ficará submetido a uma situação insatisfatória.
- O profissional tem de tomar as rédeas de sua carreira e estar preparado para momentos de turbulência, que às vezes acontecem independentemente da competência dele.
Além disso, o cenário atual do mercado mostra que é praticamente impossível prever a própria situação financeira dentro de dez anos, por exemplo, o que aumenta as chances de surgirem novas profissões e carreiras, diferentes das atuais. Nessas horas, um plano B é fundamental.
- O cenário atual é de grande competitividade e de mudanças constantes. O profissional tem de estar preparado para este cenário - diz Jacqueline Resch.Planejamento pessoal
Bruno Corrêa acrescenta que as pessoas normalmente desculpam-se pelo fato de não ter um planejamento pessoal, pois elas acreditam que como as coisas mudarão, não tem como fazer um planejamento. No entanto, deveria ser exatamente o contrário. Quanto mais incertezas, mais adversidades, mais turbulências, mais as pessoas deveriam se planejar.
- Fazer um planejamento, no entanto, não é escrever uma carta para Papai Noel, colocar debaixo do colchão e ler no dia de Natal para ver se aconteceu o que desejou. De maneira simplificada, poderíamos dizer o planejamento seria como uma bússola. É preciso estar atento a ela a cada instante para não nos perdermos. Na realidade, não temos que ter um plano B. Temos que ter pelo menos os planos A, B e C.Mudança de postura
Para o executivo Dominic de Souza, o principal benefício do plano B é que a postura do profissional muda efetivamente, já que as pessoas passam a levá-lo mais a sério e a empresa percebe que ele é um profissional diferenciado.
- Nunca mais você fica refém de nenhuma situação. Sua capacidade de gestão e foco aumenta significativamente e sua vida particular fica enriquecida, pois uma seleção natural das pessoas que você quer a sua volta acontecerá naturalmente. Ninguém te "rouba" o tempo que pertence a sua família. E por fim quando lidamos com coisas dicotômicas, elas aumentam suas referências e seu campo de visão - afirma.

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